Por ítalo Luiz Moreira*
COMEÇANDO O TRABALHO
Iniciamos o curso básico de interpretação no dia 06 de abril de 2009, rompendo um jejum de quatro anos tempo que esse curso ficou parado. Durante a divulgação surgiram 90 inscrições. No decorrer do curso o numero vai diminuindo, pois as pessoas vão descobrindo que não pertencem a esse universo e vão embora sem dar satisfação, um abraço ou apenas um adeus.
Eram 90 alunos com apenas quatro professores responsáveis para conduzir esses jovens dentro desse contexto
E ISSO MOSTRA O QUANTO PERDEMOS PARA O DESENVOLVIMENTO ARTISTICO DA NOSSA CIDADE
Ítalo Luiz Moreira, Frederico Araújo, José Antonio Mendes, Martha Sirimarco resolvemos então dividir os atores alunos em vários grupos, pois não seria possível administrar o curso com tantos alunos. Dividimos o grupão em três. Apenas Martha Sirimarco ficava com todos os atores alunos, pois ela falava sobre a história do Teatro, e de alguns encenadores. O interessante que somos três diretores com visões diferentes, e isso é muito legal, pois os alunos aprendem a ter várias visões sobre o mesmo assunto.
BUSCANDO UM CAMINHO
Os atores alunos começaram suas pesquisas no dia 12 de abril com o ator e Diretor de Teatro Ítalo Luiz Moreira “A princípio propus aos alunos uma aproximação durante as nossas reuniões”. Estava muito feliz por ter a oportunidade de participar desse reencontro que já estava marcado há muito tempo, sentia falta de algumas pessoas que não poderam comparecer, pois tiveram de cumprir outros compromissos, outros ainda estão por vir.
E DURANTE O DECORRER DO CURSO ELES FORAM CHEGANDO! UM POUCO ATRASADOS, MAS ENFIM CHEGARAM.
DESCOBRINDO PEROLAS
Logo em seguida pedi para cada um falar um pouco de si, de sua vida, sua história com o teatro, ou da própria historia de sua vida. Os meninos podem não ter experiência com teatro, mas eles têm experiência de vida, portanto eles pensam e logo existem. Então a magia tomou conta daquele lugar. Descobri cantores, bailarinos, poetas, músicos. Resolvemos criar um espaço durante nossos encontros que logo foi batizado como NOSSO CANTINHO
ELES CANTAVAM RECITAVAM POESIA! FALAVAM DA VIDA E DOS SONHOS.
A princípio não quis ir por um caminho óbvio queria que os meninos tentassem endenter algumas coisas antes mesmo de caminhar pela interpretação. Queria que eles soubessem contar uma história. E que a palavra nem sempre é importante, mas o silêncio em certos momentos é necessário. Acima de tudo às coisas são regidas através de uma idéia. Então comecei a fazer algumas pontuações com eles
1º Qual a era a idéia dos nossos encontros
2º O que cada um está buscando
3º Se os desejos, sonhos de cada um tem a ver com os desejos, sonhos do outro.
4º Se a historia de vida de um tem a ver com a historia de vida do outro. E o que nos faz diferente? O que nos torna iguais?.
5º Que teatro é conflito
6º Até porque o ser humano é conflitante
7º Qual a idéia do ser humano que temos?
8º E preciso saber contar uma história
Parti então para alguns exercícios teatrais e ao final de cada encontro sempre pedia para que eles improvisassem para que eu podesse avaliar suas atuações. A cada dia ficava supreso com alguns meninos pela naturalidade, pela verve que transcendia naquelas criaturas simplesmente maravilhosas. E com uma disponibilidade interior incrível. O mais importante eles têm! VONTADE. Fui construindo junto com eles uma colcha de retalhos sempre colocando para os meninos que tudo na vida são símbolo, códigos, sub-codigos o próprio ser humano tem na sua formação um código genético somos números formas adversas endenter essas coisas faz parte do endentimento teatral, e do próprio endentimento humano. A história do teatro se confunde com a própria história da humanidade, portanto o teatro e tão velho quanto à humanidade.
Exemplos: temos um número na carteira de identidade, CPF, Carteira de Trabalho, Nossa própria digital dentro de uma cena onde houve um crime revela quem esteve naquele espaço durante uma investigação policial. Enfim é preciso investigar a linguagem teatral como quem investiga a própria existência da vida humana.
O DIRETOR
Sou um diretor de teatro que não gosta de trabalhar com textos prontos.
ACREDITO QUE SOMOS ENGENHEIROS E ARQUITETOS NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM ESPETÁCULO
Sempre acreditei que os atores, diretores, iluminadores, ou seja, toda a equipe precisa fazer parte nessa construção.. Então resolvi criar o nosso exercício final provocando esses meninos. Eles precisavam colocar em prática aquilo que já vinham fazendo há muito tempo. Só que agora os meninos ficariam sobe o olhar de um diretor de teatro, pois iriam precisar de uma luz, figurino, proposta do exercício. O mais importante! O que queríamos mostrar, ou falar? Mas agora será preciso obedecer à marca de um diretor isso em muitos casos é complicado porque você acaba travando os meninos. Eu tinha que colocar em exposição suas próprias criações, ansiedades, desejos, sonhos com a profissão, sem esquecer nossas dores, angustias com esse oficio tão complexo e extremo. Acima de tudo uma galera cheia de vontade, animada com esse universo completamente novo. E isso foi bom para o desenvolvimento do nosso processo, pois eles não tinham vícios.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
SOBRE A INOCÊNCIA DE UMA CRIANÇA
E O ATOR INICIANTE.
Desde criança eu já andava sonhando com as coisas em minha volta; imaginava que algum dia poderia voar como os pássaros, aviões. Eu tinha um desejo secreto! Queria deslizar pelas nuvens, pois ficava horas afincos deitado no quintal da casa da minha avó, desenhando num céu anil. Até que um dia resolvi pular de uma árvore e o resultado foi uma catástrofe. “Fiquei frustrado por não conseguir realizar meu sonho! Eu não conseguia entender porque os pássaros, essas criaturas tão pequeninas deslizavam pelo espaço sem cair.” É claro que criança tem uma imaginação fértil, após uma arte vem outra. E assim fui crescendo achando graça, fazendo graça, mas o desejo de liberdade conseguir alcançar mundos imagináveis continuava crescendo, pela ousadia do ser que habitava em mim.
FICAVA IMAGINANDO SER UM HOMEM PÁSSARO OU O PRÓPRIO SUPER HOMEM, HOMEM ARANHA! OS MEUS HERÓIS DE INFÂNCIA.
Adorava o novo! Talvez eu fosse como a lagarta dentro da minha metamorfose ambulante. E por isso ficava horas num sol escaldante soltando pipa querendo conquistar terras longínquas como se fosse um bandeirante. Eu sempre era arrancado da pipa pelos meus tios, mãe, avó, avô ou até mesmo por um primo mais velho. É muito engraçado essa fase onde a criança está experimentando, conquistando a si mesmo, descobrindo os seus próprios limites sem medo de errar, ou de experimentar coisas novas. O ator iniciante se transforma numa criança que se deixa seduzir, conduzido pelo seu diretor.
“A CRIANÇA ASSIM COMO O ATOR INICIANTE ESTÁ LONGE DAS REGRAS PRÉ-ESTABELECIDAS”
A criança mergulha no mundo sem medir consequências, sem ter medo de nada. O medo faz com que a gente não ouse esquecermos da nossa imaginação que se perde dentro do baú das lembranças. Já na idade adulta nos tornamos os nossos próprios críticos como se fossemos nossos próprios censores como aqueles da época da ditadura. É preciso arriscar! Principalmente os atores. Temos que reviver em certos momentos o tempo de criança, porque um ator sem memória, imaginação, inteligência não é um ator é um vegetal. Até porque o trabalho do artista é feito com muito trabalho e dedicação. É preciso acabar com a ideia que o artista é um ser privilegiado, abençoado pelos Deuses, preferido pelas musas por causa da sua genialidade, ou até mesmo ficar achando que o ator é um ser mentiroso é um erro que se propagou pelo mundo. Talvez porque a palavra ator em Grego significa Hipocrisia, por isso muitos acham que o ator é mentiroso. É só olhar aquele garoto engraçado, ou aquele adolescente que adora pregar peças, contar estórias, ou piadas logo vem alguém dizendo: ele deveria fazer teatro! Ele é tão engraçado, às vezes mente que nem sente. Isso é um erro! Porque o ator aplica a sua mais monstruosa, terrível verdade, portanto o ator não mente.
* Ítalo Luiz Moreira
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
SOBRE A INOCÊNCIA DE UMA CRIANÇA
E O ATOR INICIANTE.
Desde criança eu já andava sonhando com as coisas em minha volta; imaginava que algum dia poderia voar como os pássaros, aviões. Eu tinha um desejo secreto! Queria deslizar pelas nuvens, pois ficava horas afincos deitado no quintal da casa da minha avó, desenhando num céu anil. Até que um dia resolvi pular de uma árvore e o resultado foi uma catástrofe. “Fiquei frustrado por não conseguir realizar meu sonho! Eu não conseguia entender porque os pássaros, essas criaturas tão pequeninas deslizavam pelo espaço sem cair.” É claro que criança tem uma imaginação fértil, após uma arte vem outra. E assim fui crescendo achando graça, fazendo graça, mas o desejo de liberdade conseguir alcançar mundos imagináveis continuava crescendo, pela ousadia do ser que habitava em mim.
FICAVA IMAGINANDO SER UM HOMEM PÁSSARO OU O PRÓPRIO SUPER HOMEM, HOMEM ARANHA! OS MEUS HERÓIS DE INFÂNCIA.
Adorava o novo! Talvez eu fosse como a lagarta dentro da minha metamorfose ambulante. E por isso ficava horas num sol escaldante soltando pipa querendo conquistar terras longínquas como se fosse um bandeirante. Eu sempre era arrancado da pipa pelos meus tios, mãe, avó, avô ou até mesmo por um primo mais velho. É muito engraçado essa fase onde a criança está experimentando, conquistando a si mesmo, descobrindo os seus próprios limites sem medo de errar, ou de experimentar coisas novas. O ator iniciante se transforma numa criança que se deixa seduzir, conduzido pelo seu diretor.
“A CRIANÇA ASSIM COMO O ATOR INICIANTE ESTÁ LONGE DAS REGRAS PRÉ-ESTABELECIDAS”
A criança mergulha no mundo sem medir consequências, sem ter medo de nada. O medo faz com que a gente não ouse esquecermos da nossa imaginação que se perde dentro do baú das lembranças. Já na idade adulta nos tornamos os nossos próprios críticos como se fossemos nossos próprios censores como aqueles da época da ditadura. É preciso arriscar! Principalmente os atores. Temos que reviver em certos momentos o tempo de criança, porque um ator sem memória, imaginação, inteligência não é um ator é um vegetal. Até porque o trabalho do artista é feito com muito trabalho e dedicação. É preciso acabar com a ideia que o artista é um ser privilegiado, abençoado pelos Deuses, preferido pelas musas por causa da sua genialidade, ou até mesmo ficar achando que o ator é um ser mentiroso é um erro que se propagou pelo mundo. Talvez porque a palavra ator em Grego significa Hipocrisia, por isso muitos acham que o ator é mentiroso. É só olhar aquele garoto engraçado, ou aquele adolescente que adora pregar peças, contar estórias, ou piadas logo vem alguém dizendo: ele deveria fazer teatro! Ele é tão engraçado, às vezes mente que nem sente. Isso é um erro! Porque o ator aplica a sua mais monstruosa, terrível verdade, portanto o ator não mente.
* Ítalo Luiz Moreira
Ator e Diretor de Teatro
Dramaturgo
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